sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Histórias com H. Homens e Hipopótamos!

..."Meu... o que vocês pensam... Aqui as coisas acontecem!". (Janaina Matarazzo - depois de nos contar uma história verdadeiramente triste de um desastroso encontro de um H Homem com um H Hipopótamo)

Lá pelas tantas, depois que já estávamos bem ambientadas na nossa rotina da selva, entramos naquela fase boa de ouvir e contar os "causos" :-) 
É claro que nossa narradora Janaína não nos poupava de grandes doses de pavor e frases de impacto! Era sempre muito divertido ficar ouvindo suas histórias... Certamente contadas por outra pessoa não teria a menor graça... Mas a Jana conseguia sempre um efeito inusitado na nossa fértil imaginação!

Numa dessas noites lindas de céu estrelado e lua cheia, nos aconchegamos no nosso local favorito do Camp, o tão carinhoso apelidado, zebrário. 

Lá, onde podíamos ver o por do sol e aguardar pacientemente o badalar do sino anunciando  o jantar juntamente com as zebras, as vezes gnus e outras vezes os avestruzes e elefantes...
Lá... onde o clima era tão calmo e inebriante, desde a decoração rústica  até a luz acobreada do sol poente, passando pelo som das zebras, pelo divino sabor de samosas e vinho branco, onde tudo era um convite a relaxar e conversar... Nós soubemos dessa triste historia com H.
E foi mais ou menos assim...
Numa dessas noites, pouco antes do sol se por vimos o emergir de uma cabeça... Em seguida um corpo gigantesco nadando graciosamente rio abaixo... Pouco depois, um comentário...
Hipo!
Hipo!
Lá estava ele... "Momento que passa - Hipopótamos que nada"
Foi um momento muito alegre aquele, pois poder observar um hipopótamo seguir tranquilamente seu rumo, ao por do sol, in natura, é, sem dúvida alguma, algo muito difícil.
Acompanhamos deslumbradas seu deslocamento até onde os olhos puderam alcançar... E então sua forma robusta, retangular e escura se perdeu no horizonte junto com o sol que se escondia onde o rio sumia das nossas vistas.
Registramos o momento, pois quando estamos na natureza, logo aprendemos que os instantes são, como diria Monet... "momentos que passam", e assim como faria Monet, com esses momentos que passam e não voltam mais, capturamos tudo num visor digital.
E como na selva tudo vira lição, soubemos que ele, o Hipo, é um animal bastante raro de ser visto, pois passa muito tempo submerso no rio! Já em terra, é tão rápido quanto seu corpo pode aguentar e atinge até 60 kmh, ou seja, é bem mais rápido do que poderíamos julgar... Alerta total, Hipopótamo fora d´água é tão ou mais perigoso do que na água!
..."Se um hipopótamo aparecer aqui, temos que sair correndo!" (Janaína Matarazzo - no dia em que fomos testar as bicicletas e paramos para comer próximas ao rio).
Pois é minha gente, Humanos e Hipopótamos... Um encontro que pode ser fatal!

Voltando àquela noite de contação de casos ao luar... Bom... Soubemos de uma história triste de um jovem local, que juntamente com sua namorada, haviam pego um barquinho, já muito doidos sob efeito de elementos organicos, que não vamos citar, e descido o rio. 
O clima era de romance entre os jovens,  até que o barquinho onde estavam, ousou perturbar o descanço do Hipopótamo.
O bichano, muito incomodado com a presença humana em seu território, atacou o casal, virou o barco e os namorados se viram na água. O corajoso jovem, para ajudar sua amada, travou numa batalha com o Hipo dentro da água e foi abocanhado e morto pelo animal, que até onde sabemos é um dos mais agressivos da selva!
A boca de um Hipopótamo tem uma abertura total e sua força é relativa ao seu peso e tamanho. Embora herbivoro esse animal é muito territorialista e ataca, no melhor estilo franco atirador, para defender seu espaço!
Obviamente ninguém gosta de ouvir uma história tão triste como esta, mas, às vezes é importante saber que no universo selvagem, nem sempre os animais estão em desvantagem em relação aos seres humanos. Há sempre o elemento surpresa!
Observar os animais em seu habitat natural é um exercício lindo e devemos fazer isso sempre que é possivel, pois os animais tem poder, tem energia e por meio de seu comportamento podemos aprender muito sobre as leis da natureza. Entretanto, observar significa também manter-se à uma distância segura e respeitar a individualidade, a dignidade e o espaço do animal.
O morador local sabia que corria riscos ao transitar num barco, a noite, num rio com crocodilos e hipopótamos. Digamos que ele não teve uma atitude muito sensata, convenhamos...
Como diria o slogan:
"Se beber não dirija e se fumar um orgânico, não reme! "
Eis mais uma das leis da selva! 
Ficamos muito tristes ao ouvir o relato de um incidente como o do Hipopótamo, mas como no mundo das sucatinhas tudo se transforma... o desfecho, ou melhor as nossas caras de pânico ao ouvir o fim da história... ah, isso foi hilário.
O poder transformador das nossas mentes criativas, logo transformou a tragédia numa comédia...É assim que as fadas agem...
Depois de ouvir esta tragédia com o morador local, descobrimos que havia sido recente. E então, o comentário da Jana:
" É... Aqui as coisas acontecem!"
Ficamos duras, Camila e eu, e logo o coletivo inconsciente nos levou à perguntar a mesma coisa... 
"Afinal, o que é que estamos fazendo aqui, meu Deus!"
No fim, demos muita risada! Pois ficamos imaginado e comparando a realidade da selva com a nossa em São Paulo.
E nem podemos dizer que na calada daquela noite, já recolhidas em nossa tenda,  fizemos um estardalhaço comparando, pois as noites em Botswana jamais eram silenciosas...
As noites em Botswana pareciam uma festa!
Os animais noturnos celebravam o que quer que fosse, toda noite, e nós, todas as noites nos juntávamos a eles dando sonoras gargalhadas do que quer que fosse! 
Sapos, pássaros, corujas, hienas, bois, grilos, cigarras, leões, esquilos (os mais barulhentos)... Enfim, toda a sorte de animais noturnos transformavam, com a nossa ajuda, a calada da noite numa imensa balada.
E nós, sucatinhas de luxo, ao som da natureza, todas noites, em nossa tenda, antes de dormir, fazíamos um desenho ou um retrospecto do nosso dia e as risadas eram muitas... gargalhadas mesmo, pois a selva que imaginávamos era mais parecida com o desenho do Madagascar, ou do Rei Leão... A realidade era absurdamente inusitada, quase... Surreal!
literalmente zebrando
Era sempre a mesma coisa, antes de dormir inspecionávamos a barraca, ascendiamos a lamparina e nos deitávamos abraçadas com nossas lanternas. Não tardava e logo o som das nossas gargalhadas se misturava aos sons noturnos da sapaiada...
Naquele dia, não sei porque, resolvi desenhar o Hipopótamo devorando o rapaz... Mas não fiz um desenho horrível... Nem pretendia tirar sarro de uma situação tão tragica. Mas, não sei porque, inventei uma história de amor entre Hipo e Humano!
O desenho saiu do meu coração, não foi pensado... Simplesmente aconteceu.  
O Hipo apaixonado por ciume devorou o rapaz... Foi tão espontâneo o desenho que quando terminei e mostrei para a Camila ela não se aguentou e caiu na gargalhada...
Depois de ouvir a história triste minha mente criativa criativa registrou
..."Alê, ficou ótimo... Temos que mostrar para a Janaina amanhã, isso aqui é surreal, parece que estamos num filme amiguinha... Que medo!"
A história realmente não era engraçada, mas da maneira como nos foi contada... E depois, quando na nossa cabana comparamos as tensões da vida selvagem com a vida urbana... Ah! Aquilo tudo parecia tão surreal quanto o filme crocodilo dundee... 
Conclusão:
Mundos muito diferentes... Naturezas opostas convivendo... É claro que nem sempre esse convívio é fácil... mas é bom saber que nem sempre o H dos humanos leva vantagem... Especialmente se encontra o H dos hipopótamos!
Enfim... a história não é linda, mas o desenho.... esse ficou impagável e rendeu muitas risadas no dia seguinte quando mostramos para a Janaina. 






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