quinta-feira, 6 de outubro de 2011

As vezes falar não é preciso!

Nosso projeto em Botswana foi o de desenvolver junto as crianças de uma comunidade local, um trabalho de arte que pudesse despertar nelas uma consciência ambiental.
E que melhor maneira para fazer isso do que criar animais selvagens com sucata?
Pois bem, tivemos algum tempo antes do nosso primeiro dia na escola para nos adaptarmos à vida local, ao clima, ao fuso e principalmente, para fazer nosso primeiro game drive.
Isso foi sensacional, poder entrar em contato com a vida selvagem, com os animais do cotidiano das crianças, antes da nossa incursão na escola, nos deu uma ideia muito clara de como nosso trabalho poderia ser desenvolvido.
Inesperadamente, no nosso primeiro dia de game drive, fomos brindadas com cenas impressionantes. Elefantes muito próximos e uma girafa bebendo água.
Observar a girafa beber água é um evento por si só. Aquele animal elegante e altivo, todo desengonçado descendo seu pescoço enorme até o leito do rio. As pernas antes tão elegantes, longas, se abrem de e uma maneira classuda criando uma imagem desengonçada e a girava se inclina toda para alcançar a água.
De tão desengonçada a girafa fica elegante até fazendo isso, pois é com graça e muita calma que ela ajusta seu corpanzil para poder se refrescar.
Soubemos que ela pode passar até 3 dias sem beber água. Mas quando o faz, dá um espetáculo, um ballet digno de flashes e aplausos no final. E como eu intitulei o texto "as vezes falar não é preciso"... ilustro meus pensamentos com belas imagens!
Bellet da água com direito a plateia de galinhas!

Essa era grande mesmo! Um adulto e como diria a camila "as girafas são tão grandes que comem árvores como se fossem brócolis"

Querida amiga, apesar de eu ter perdido as suas fotos deste dia, tenho essa para provar que vc tirou as fotos... Sorry! Sinto muito mesmo!
Bom, depois deste emocionante passeio e deste encontro com as girafas e elefantes tão de perto, não tivemos dúvidas na hora de escolher os animais que seriam trabalhados com as crianças.
Na verdade, nossa ideia primeira, seria que cada criança pudesse escolher os animais, mas não tínhamos tanto tempo e perdemos um dia na escola por conta de um feriado que esquecemos completamente!
A solução foi criarmos os esqueletos e levarmos para as crianças darem o acabamento. E elas, trabalharam duro no final de semana e pasmem... no feriado também!
Foi muito divertido, pois quando chegamos com um elefante e uma girada feitos de caixas, garrafas papelão e fita crepe, as crianças não entenderam o que estava acontecendo, olharam desconfiadas... e quando eu disse a elas... que aquilo era um elefante, elas arregalaram os olhos...
Durante os 4 dias que se seguiram nasceu das mãos habilidosas das crianças com ajuda dos artistas locais, professores e nossas (Camila, Janaina e Alessandra) um lindo bebê elefante e uma enorme girafa cheia de charme com direito a lábios carnudos e cílios coloridos no melhor estilo Sucatinha de Luxo.
Trabalhar com as crianças da comunidade de Moreomaoto foi uma experiência das mais enriquecedoras. Primeiro porque elas só falavam o idioma local, setswana ou (tswana), segundo porque em dois minutos descobrimos que isso não seria problema algum.
Nós logo descobrimos que na Arte o corpo e a mente trabalham em uníssono e a boca não precisa de palavras para expressar  o que os olhos veem e o que os gestos executam! As imagens e ações falam por si só ganham voz. O ouvido entende o silêncio. Os sons da natureza invadem o ambiente e tudo ganha sentido quando ouvimos o som do pincel acariciando e dando cor a mais uma criação coletiva!
Foi só mostrar pincel e tinta e as crianças logo entenderam o que era para fazer.
Para empapelar os animais tb! Bastou que observassem uma vez.
Quando propus que fizessem uma fila para pintar as manchas da girafa, nem precisei falar, fiz um gesto e logo uma fila de crianças se formou. Também não precisei dizer que cada criança pintaria apenas um quadrado e deveria voltar para o fim da fila... elas fizeram tudo sozinhas.
Claro que não sou nenhum gênio, nem descobri a lâmpada... mas o que quero dizer é que no universo infantil e também no universo da  Arte não há necessidade de palavras... as crianças precisam de exemplos, aprendem melhor e com mais atenção de e
stiverem usando apenas os sentidos mais básicos, mais instintivos, aqueles que elas que elas conhecem desde que nascem. A visão, o tato, a ação!
Observar e praticar a ação são ensinamentos mais que importantes numa sala de aula quando não houverem palavras a serem ditas ou idioma para interagir... Ação é tudo que precisa!
A troca de informações foi tão grande que no ultimo dia, brincamos com as crianças de batata quente... e qual não foi minha surpresa quando elas começaram a cantar a música... batata quente, quente quente.... direitinho para brincar... Depois nos ensinaram a brincadeira do gato e rato... fui rato e me diverti tanto quanto elas!
Usamos assas de borboletas, antenas, caras pintadas... mas o que mais usamos nesses dias... NOSSO CORAÇÃO! E quando damos voz ao coração, as palavras são desnecessárias.
Quem venham muitas outras crianças de muitas outras culturas... Nosso coração fala todas as línguas... Coração de sucata... coração de luxo... coração sucatinha de luxo!
Encontre outras fotos no facebook Ateliê Sucatinha de Luxo, ou no nosso Blog

http://www.sucatinhadeluxo.com.br


Elefante de papel machè (estrutura de sucata) e intervenção na árvore da escola com flores feitas de garrafa pet e pintadas pelas crianças. 


Esq. para Dir. : Alessandra, Cowboy, Janaina, Wafi, Camila, Dinnah  - um dos alunos e a girafa ao fundo! A foto é de autoria de uma das alunas do projeto (eu ensinei as crianças a usarem  a camera dgital) - Artistas locais e Sucatinhas com sua lider a Super Jana na Selva!


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